Cibergogia e Engajamento: ensinar não é mais suficiente
Ao desenhar experiências de aprendizagem para o ambiente digital, é comum que a gente se preocupe com o conteúdo, com a plataforma, com os recursos. Mas será que estamos considerando aquilo que realmente engaja o aprendiz?
É aqui que entra o modelo proposto por Minjuan Wang e Myunghee Kang: a Cibergogia para Aprendizagem Engajada. Muito mais do que uma adaptação do modelo tradicional de ensino, a cibergogia é uma proposta de ensino centrada no aprendiz, na experiência e nas emoções que envolvem aprender no ciberespaço.
O que é esse modelo?
Wang & Kang apresentam um framework composto por três presenças essenciais para o engajamento online:
- Presença Cognitiva
- Presença Emotiva
- Presença Social
Essas dimensões se entrelaçam para formar o que eles chamam de engaged learning — uma aprendizagem que é ativa, reflexiva e emocionalmente significativa. Vamos explorar cada uma delas?
🧩 1. Presença Cognitiva: aprender com sentido
Na Cibergogia, a cognição vai muito além de “entender o conteúdo”. Trata-se de construir conhecimento com base em experiências anteriores, estabelecer conexões reais com o mundo e resolver problemas autênticos. Aqui, o aluno se torna agente do próprio aprendizado — com metas claras, reflexão ativa e liberdade para experimentar.
💡 Dica prática: Estimule a curiosidade e a autonomia com trilhas personalizadas, estudos de caso, resolução de problemas e avaliação baseada em projetos.
❤️ 2. Presença Emotiva: o que sentimos enquanto aprendemos?
A emoção, muitas vezes tratada como “bônus” ou “barulho”, é central no modelo de Wang & Kang. Sentimentos como confiança, conforto, curiosidade, frustração ou entusiasmo moldam completamente o engajamento do aluno.
Um ambiente digital hostil, confuso ou frio pode matar a motivação. Já um espaço acolhedor, onde o aluno se sente visto e respeitado, estimula a autorregulação, o pertencimento e o prazer de aprender.
💡 Dica prática: Use mensagens acolhedoras, incentive a expressão emocional (até com emojis!) e esteja atento aos sinais de desconexão ou frustração.
🤝 3. Presença Social: aprender é também se conectar
No universo online, o senso de comunidade não é opcional — ele é fundamental para a aprendizagem engajada. Sentir-se parte de um grupo, contribuir, ser escutado e dialogar com outros aprendizes fortalece tanto a retenção quanto o envolvimento.
Na cibergogia, construir uma comunidade ativa, respeitosa e segura é parte do processo educativo.
💡 Dica prática: Crie espaços de interação social que não sejam apenas para “entregar tarefas”. Fóruns de discussão, grupos temáticos, rodas de conversa e feedbacks colaborativos fazem toda a diferença.
Cibergogia é desenhar para o humano — mesmo no digital
A proposta de Wang & Kang não é apenas teórica. Ela é um chamado à prática, à sensibilidade e à inovação. Em vez de cursos engessados, temos o convite para criar ambientes digitais vivos, sensíveis, inclusivos e personalizados.

Não se trata apenas de passar conteúdo. Trata-se de despertar presença. Cognitiva. Emocional. Social.
No fim das contas, não é sobre tecnologia.
É sobre gente aprendendo com sentido.
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Se quiser explorar esse modelo na prática e aplicá-lo em seu contexto corporativo, educacional ou formativo, continue acompanhando o blog da Cibergogia.
A jornada do engajamento online está só começando.
Caio Beck
Caio Beck é educador, pesquisador e empreendedor na área de aprendizagem de adultos. Fundador do projeto Andragogia Brasil e cofundador da Akadem.ia, atua no desenvolvimento de soluções educacionais que integram tecnologia, ciência e humanização. É especialista em ciências agógicas e em design de experiências de aprendizagem digitais, com foco na formação de adultos em ambientes corporativos e acadêmicos. Com uma abordagem crítica e inovadora, defende uma educação centrada no sujeito, adaptativa e transformadora.
